Algumas das ações de recuperação florestal
bem-sucedidas realizadas em propriedades rurais na região do rio Doce serão
parte da base de informações que será utilizada pelo Instituto Estadual de
Florestas - IEF no Programa de Regularização Ambiental - PRA a partir de 2019.
As ações começaram a ser monitoradas em 2018.
No dia 30 de outubro, no Workshop ‘Sistematização de
Experiências Exitosas de Áreas em Processo de Restauração Florestal na Bacia do
Rio Doce – MG’, foram apresentados pela empresa de consultoria STCP Engenharia
de Projetos os resultados do acompanhamento que vem realizando na região. O
estudo é coordenado pelo IEF, por meio do Projeto de Proteção da Mata Atlântica
em Minas Gerais - Fase II (Promata II).
“O trabalho contribuirá com o IEF em sua interface com
o CAR nas ações previstas para o planejamento para 2019”, afirma o
diretor-geral do IEF, Henri Dubois Collet. O Governo de Minas Gerais vem
trabalhando em diversas frentes para se preparar para implementar o PRA. Além
de buscar experiências que tiveram êxito que possam ser replicadas, o IEF está
elaborando o Marco Legal e o Manual Técnico do Programa.
“O objetivo é trazer segurança jurídica para a
realização da regularização ambiental dos imóveis rurais, diagnosticar a cadeia
da restauração e identificar as áreas prioritárias para o desenvolvimento das
ações”, afirma Fernanda Teixeira Silva. “Além das ações realizadas no rio Doce,
também estão em curso projetos na região do Alto Mucuri e no Corredor Ecológico
Sossego-Caratinga, além da reforma de viveiros de produção de mudas”, completa.
PROJETO
Segundo a representante da STCP Engenharia, Daniele
Vigolo, o olhar inicial do trabalho foi macro, identificando as instituições
que atuam na cadeia da restauração da bacia do Rio Doce. O segundo passo foi
listar os projetos de restauração com resultados em campo.
“Como esse tipo de trabalho envolve muitas
instituições, precisamos aplicar alguns filtros e o primeiro escolhido foi
selecionar pequenos e médios produtores rurais”, explica a consultora da STCP
Engenharia, Daniele Vigolo. “Buscamos experiências ligadas a algum programa de
fomento, localizados diretamente no médio rio Doce”, completa.
Após essa primeira fase, foram selecionados pela
empresa de consultoria STCP 32 projetos de 21 instituições diferentes, com um
total de 609 experiências identificadas. “A importância de se captar a
experiência de tantas instituições e projetos numa área tão extensa é muito
grande”, afirma Daniele Vigolo.
“Até o momento, realizamos o monitoramento em 32 propriedades
rurais localizadas em 23 municípios”, explica Daniele Vigolo. Os projetos têm
objetivos diferentes como obrigações legais na recuperação de Áreas de
Preservação Permanente (APPs), por meio de plantios em área total e a indução
da regeneração em áreas com nascentes, encostas e áreas de reserva legal.
RESULTADOS
Erlon Barbosa Valdetaro, também da STCP, apresentou os
resultados do monitoramento realizado nas 32 experiências que totalizam 152,84
hectares. “Encontramos processos de condução da regeneração, no qual é feito o
isolamento da área para que a natureza possa agir”, explica. Outras modalidades
são o adensamento, com a introdução de espécies nativas ou exóticas em áreas
abertas; o enriquecimento com introdução de espécies para auxiliar a
regeneração; e o plantio, com espécies nativas ou não, através de sementes e
mudas.
O consultor da STCP explica que os Sistemas
Agroflorestais - SAF consorciados com culturas agrícolas trazem benefícios aos
produtores rurais e são muito difundidos. Outros modelos bastante encontrados
são os sistemas de uso rotativo de pastagem (Pastoreiro Voisan) e a integração
lavoura, pecuária e floresta - ILPF.
Valdetaro observa que o trabalho de coleta de dados em
campo é feito medindo aspectos como a altura das árvores e a cobertura que a
copa oferece ao solo. “Também são analisados fatores como presença de formigas,
qualidade do solo, ocorrência de fogo e isolamento da área em regeneração”,
explica.
SÍTIO BRAÚNAS
O trabalho bem-sucedido de recuperação ambiental do
Sítio Braúna, em Manhuaçu, uma das áreas monitoradas pelo projeto, foi
apresentado por seu proprietário, Júlio Maria Ribeiro. Desde 2014, o produtor
rural vem utilizando Sistemas Agroflorestais - SAF na área de 1,6 hectares,
combinando espécies nativas, frutíferas, plantas medicinais e agrícolas e o
resultado, segundo ele, é positivo.
“O solo está leve e o ambiente está saudável, com
variedade significativa de fauna e flora”, afirma. “Na agricultura familiar não
precisamos de muito, mas sim de um pouco bem cuidado”, completa. Ele lembra que
no topo do morro da fazenda existe uma Braúna, que, em 1972, o pai não permitiu
o corte e que hoje está forte e dá nome à propriedade.
Os resultados do projeto desenvolvido pela STCP serão
reunidos num livreto e entregues ao IEF ainda em 2018. Uma versão eletrônica
será disponibilizada no site do IEF para todos os interessados nos resultados
do trabalho de restauração florestal desenvolvido na bacia do rio Doce.
Fonte: IEF.