O
Ministério Público Federal - MPF informou, no dia 16/07, que pediu à Justiça a
cassação das licenças prévia e de instalação concedidas pelo estado de Minas
Gerais à mineradora Anglo América para a realização da terceira etapa do
empreendimento Minas-Rio.
“O
pedido busca fazer estancar as violações de direitos humanos que estão
ocorrendo na região de Conceição do Mato Dentro”, disse o Procurador Regional
dos Direitos do Cidadão Helder Magno da Silva. Procurada, a Anglo American
informou que “irá se posicionar oportunamente na esfera judicial”.
De
acordo com a mineradora, o empreendimento Minas-Rio foi idealizado para ser
desenvolvido em três etapas. Na última delas, o objetivo é que a produção
chegue a 26,5 milhões de tonelada por ano. Segundo a Anglo American, com as
novas licenças concedidas em janeiro deste ano, foi possível o início de obras
como de alteamento de barragem, abertura de cavas na mina e construção de
diques.
O
pedido de cassação foi feito pelo MPF no dia 28 de junho em uma ação civil
pública apresentada há cerca de um ano, quando processo de licenciamento ainda
estava em curso. Na ocasião, a solicitação era para que o governo suspendesse
os trâmites de concessão das licenças. Hoje, segundo o MPF, a ação original
ainda não foi julgada por causa de um conflito de competência entre duas varas
de Belo Horizonte.
O
procurador argumenta que as licenças teriam sido concedidas sem que as
condicionantes das outras fases tivessem sido comprovadas. De acordo com o MPF,
as etapas 1 e 2 juntas, somam mais de 400 condicionantes. A Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais - Semad
informou que não foi notificada pela Justiça sobre o pedido do MPF. Disse ainda
que "todo o rito processual do licenciamento, incluindo transparência e
acesso a informações foi respeitado".
De
acordo com Silva, entre as violações que estariam sendo cometidas, estariam o
desrespeito à informação e pessoas que teriam perdido o direito à água potável.
Ainda conforme o Ministério Público Federal, cinco lideranças que questionavam
o empreendimento tiveram que ser incluídas no Programa de Proteção dos
Defensores de Direitos Humanos após ameaças.
No
pedido, o procurador também cita os dois rompimentos ocorridos, em menos de 20
dias no último mês de março, em Santo Antônio do Grama. No primeiro, cerca de
300 toneladas de polpa de minério – uma mistura de minério e água – foram
despejadas no Ribeirão Santo Antônio, e o abastecimento de água precisou ser
interrompido. No segundo, cerca de 650 toneladas do material foram liberadas e
atingiram uma fazenda, além do curso d’água.
Logo
após o segundo incidente, foram interrompidas a as atividades de exploração na
mina e também no mineroduto e no Porto de Açu, no Rio de Janeiro. Inicialmente,
em abril, foram dadas férias coletivas a cerca de 700 empregados. De acordo com
a mineradora, desde junho, aproximadamente 500 trabalhadores estão em lay-off,
que pode durar até cinco meses.
Ainda
segundo a Anglo American, a expectativa é que as atividades sejam retomadas no
último trimestre.
Fonte: G1.